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Resenha do EP 'Cemitério Das Boas Intenções', Fresno.

Por Javier Freitas

Esqueça os hits radiofônicos, esqueça a dor de cotovelo, a angústia adolescente traduzida em riffs pegajosos, a Fresno se tornou muito maior do que isso. Se em Revanche a evolução já começava a tomar forma, em Cemitério Das Boas Intenções os sinais são gritantes.

Revanche tinha treze faixas, quatro se aproximam do que a Fresno pretendia fazer, mas por questões contratuais, preferiu investir nas baladinhas pra tocar no rádio, mais uma vez. Pois bem, com o contrato quebrado a banda decidiu gravar um EP com três músicas novas e uma regravação do último disco, Relato de Um Homem de Bom Coração, numa versão mais... lenta. E desnecessária.

Talvez esse seja o único ponto fraco das quatro faixas de Cemitério. As letras novas são bem mais maduras também. Crocodilia abre os trabalhos de forma matadora, com um riff que faz lembrar algo como Velvet Revolver. A voz de Lucas também soa bastante diferente nessa faixa.

Voltando a falar das letras, Tavares aparece como uma espécie de pastor do ateísmo em A Gente Morre Sozinho. Sobre essa faixa, a influência que o Muse exerce sobre a banda ainda é bastante clara. Se em Revanche, há elementos de Stockholm Syndrome (Absolution, 2003), aqui a referência é Time Is Running Out (Absolution, 2003).

Como foi gravado de forma totalmente independente e com um toque de Chuck Hipolitho (Forgotten Boys, Vespas Mandarinas), as guitarras distorcidas e os mais pesados baixos foram usados até a exaustão. 

Tem recado pra gente colorida nas letras? Tem. Pregação ateísta? Tem também. Mas Lucas avisa, que há algo muito maior por trás de tudo isso. Ao fazer uma análise mais profunda das letras se percebe isso, mas é preciso uma interpretação mais apurada, pensar nas mais diversas possibilidades de "o que ele quis dizer com isso?"

Não Vou Mais quebra um pouco o ritmo, mas ainda sim se prende na temática do EP, a vida. Muito além da já citada dor de cotovelo adolescente por um amor mal resolvido. E falando em coisas já anteriormente citadas, o único momento dispensável de Cemitério das Boas Intenções é a regravação de Relato de Um Homem de Bom Coração (Revanche, 2010). A versão original é rápida, pesada, teria se encaixado perfeitamente aqui. 

Aliás, Revanche já era pra ter sido o Cemitério das Boas Intenções se fosse pela vontade da banda e não de produtores interessados em fazer dinheiro.

Mas é bom perceber que a Fresno está indo para um outro caminho, aquele em que os corações não se fazem com a mão.

5 comentários:

Guilherme disse...

Resenha muito bem colocada, realmente, há muito embaixo desse cemitério.

Anônimo disse...

Boa resenha, bom e surpreendente EP.

Anônimo disse...

A capa deste EP lembra o disco da vaca do Pink Floyd

@Fresno4ever_ e @PraSempreFresno disse...

sou fã da banda, adorei sua "critica"

manoel.melkiades disse...

Eh exatamente o q penso,
.principalmente pela parte da desnecessidade da regravação mais lenta de Relato (estragou a musica).

Ainda quero saber o significado de "a gente morre sozinho".

Parabens

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